segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Novos depoimentos citam propina para o PSDB em contratos de obras em São Paulo


Novos depoimentos à Polícia Federal de ex-executivos de empreiteiras citam o pagamento de propina para o PSDB em contratos de obras do Rodoanel em São Paulo. Ex-funcionários da OAS e da Andrade Gutierrez contaram que, em troca de contratos, fizeram repasses para a campanha do tucano José Serra para o governo do Estado de São Paulo, em 2006. O relator do processo no Supremo [e o ministro Gilmar Mendes. O ex-diretor da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos, e o ex-presidente da Andrade Gutierrez Engenharia, Flávio David Barra, disseram que as empreiteiras criaram um “grupo de trabalho” que ajudou a elaborar o edital do Rodoanel Sul.

As obras foram divididas em cinco lotes liderados por consórcios de empreiteiras: Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. No depoimento que prestou em agosto de 2017 à Polícia Federal, Lemos declarou que os representantes das empresas foram informados pelos representantes da Andrade Gutierrez que seria necessário realizar o pagamento de aproximadamente R$ 30 milhões para o então secretário de Transportes do Estado, Dario Rais Lopes. Esses R$ 30 milhões teriam por objetivo colaborar com o caixa de campanha eleitoral do PSDB. Ele contou que o consórcio OAS/Mendes Junior, detentor do lote cinco, pagou R$ 5,4 milhões. O ex-executivo disse que a OAS fez o repasse de R$ 2,3 milhões para Mário Rodrigues Júnior, diretor de engenharia da Dersa, empresa controlada pelo governo paulista responsável por grandes obras, como o Rodoanel.

Lemos afirmou que se recorda que parte do dinheiro foi transferida na forma de doações eleitorais ao PSDB devidamente registradas na Justiça Eleitoral, sendo que outra parte dos pagamentos foi feita em espécie. Já o ex-executivo da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, citou o pagamento de propina para a diretoria do Metrô de São Paulo. Em depoimento recente, dado em 25 de janeiro, ele relatou ter sido procurado pelo então presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayse David, para tratar de pagamentos que seriam destinados aos diretores do Metrô paulista. Segundo Barra, Frayse David disse que, como as nomeações da diretoria do Metrô precisavam de suporte político, seria necessária a arrecadação de recursos na ordem de R$ 2 milhões. Barra contou à Polícia Federal que combinou com o ex-presidente do Metrô que efetuaria o pagamento desse valor na medida em que as obras do primeiro lote da expansão da linha 2 do Metrô fossem faturadas. Ele revelou que a Andrade Gutierrez pagou R$ 2 milhões que seriam destinados a Eduardo Bittencourt, então conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo. 

De acordo com o depoimento, Bittencourt pediu R$ 10 milhões para cuidar da fusão dos consórcios das empreiteiras em obras do Metrô. Os depoimentos dos ex-executivos da OAS e da Andrade Gutierrez confirmam outros pontos da investigação que teve início a partir da delação da Odebrecht. Eles contaram que, em 2007, ao assumir o governo do Estado de São Paulo, José Serra determinou uma redução de 4% nos contratos, o que foi feito. O ex-diretor da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos disse que Paulo Vieira Sousa, conhecido como “Paulo Preto” e apontado no inquérito como “pessoa próxima ao então governador José Serra”, na época diretor de engenharia da Dersa, também exigiu que as empresas efetuassem o pagamento a título de formação de caixa de campanha no valor de 0,75% sobre cada faturamento recebimento da Dersa.

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