sábado, 20 de janeiro de 2018

Especialista diz que sociedade precisa estar preparada para viver com menos água, é um terrorismo ambiental, porque a humanidade terá cada vez mais água potável


O diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles, disse nesta sexta-feira (19) que a sociedade precisa estar preparada para viver com menos água e que isso implica, do ponto de vista tecnológico, na aposta em técnicas de reúso da água. Durante palestra na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o biólogo falou sobre os preparativos para o 8º Fórum Mundial da Água, que ocorrerá em Brasília de 18 a 23 de março. É uma afirmação terrorista ambiental, como é do gosto dessa gente que trabalha no setor de águas e saneamento básico. Com as tecnologias existentes hoje em dia já é possível produzir água potável em grandes quantidades a partir da água do mar. Além disso, a água pode ser conduzida por aquedutos (canos de borracha de alta resistência) de longa distância (por exemplo, de Foz de Iguaçu para São Paulo e até mesmo o Nordeste). 

“Precisamos rever nossos conceitos com relação ao uso da água e com relação à maneira como estamos tratando os recursos naturais que garantem a permanência da água nos ecossistemas. É um processo educacional que já vem sendo feito e acredito que esses momentos de dificuldade que estamos vivendo estimulam ainda mais nosso empenho no sentido de mudar essa cultura e tornar a população mais bem-educada”, disse Salles ao se referir à crise hídrica em parte do País. Além da necessidade de se avançar em técnicas de reúso, Salles também defendeu a busca por outras fontes de abastecimento, como a dessalinização da água do mar em cidades litorâneas e, particularmente, no Nordeste brasileiro. “A água está presente em todas as atividades humanas, inclusive nas atividades econômicas. E o fórum vai tratar um pouco de cada coisa. Não é um evento científico nem organizado exclusivamente pra governo ou sociedade civil. É uma plataforma que vai abordar todos esses assuntos numa perspectiva diversificada, para atender a todos os públicos”.

O especialista lembrou que o Brasil sempre chamou a atenção do mundo em razão do volume de água doce acumulada. Para ele, o País tem também uma legislação avançada e instituições com bom desempenho no setor. “Já temos um protagonismo. Com a realização do fórum em Brasília, neste momento em que a crise é tida como mundial, temos uma oportunidade muito grande de reafirmar os nossos compromissos, valores e ideias, compartilhar aquilo que temos de boas práticas e aprender as soluções já testadas e aprovadas em outros países”. 

Essa é a primeira vez que o Fórum Mundial da Água será realizado no Hemisfério Sul. O tema da oitava edição, "Compartilhando Água", será debatido por representantes de governos, da sociedade civil, de empresas públicas e privadas e de organizações não governamentais de diversos países. A organização espera receber mais de 60 chefes de Estado em Brasília, além de especialistas internacionais. Na programação, estão previstos mais de 200 debates e atividades educativas, informativas e culturais. Na edição de Brasília, o evento vai contar com um espaço gratuito, chamado Vila Cidadã, uma espécie de arena de debates, palestras, exposições, cinema, artesanato, bate-papos e espaço gourmet. A estrutura ficará montada no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, próximo ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

O 8º Fórum Mundial da Água é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo de Brasília, representado pela Adasa, e pelo Ministério do Meio Ambiente, representado pela Agência Nacional das Águas (ANA). Criado em 1996 pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos. O evento ocorre a cada três anos e já passou por Daegu, na Coréia do Sul (2015); Marselha, na França (2012); Istambul, na Turquia (2009); Cidade do México, no México (2006); Quioto, no Japão (2003); Haia, na Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).

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